Pular para o conteúdo principal

Elo perdido


Agência FAPESP - A própria equipe que descobriu o fóssil na distante Ilha Ellesmere, na parte do território canadense dentro do círculo polar ártico, chamou a descoberta carinhosamente de peixápode (fishapod, em inglês).
Isso porque o esqueleto de 375 milhões de anos, desenterrado no norte do planeta, representa uma espécie que apresentava ao mesmo tempo estruturas aquáticas, como nadadeiras, e terrestres, do tipo membros ainda desajeitados, além de uma cabeça que se aproxima da dos crocodilos atuais.
Edward Daeschler, da Academia Natural de Ciências da Filadélfia, Neil Shubin, da Universidade de Chicago e Farish Jenkins, da Universidade de Harvard, todos nos Estados Unidos, assinam dois artigos científicos que relatam a descoberta do Tiktaalik roseae, publicados pela revista Nature desta quinta-feira (6/4) como assunto de capa.
O fóssil está sendo considerado um dos grandes elos perdidos da transição dos vertebrados da água para a terra. O esqueleto pertenceu a um animal que provavelmente viveu em clima subtropical e em águas rasas. A nova espécie tinha cabeça com cerca de 20 centímetros, pescoço, costelas e membros primitivos, típicos dos répteis, além de nadadeiras e escamas, como os peixes.
O nome do gênero, Tiktaalik, faz referência ao nome dado pelos indígenas da região, os inuktikuk, para peixe grande de águas rasas, e a espécie, rosae, é alusão a uma pessoa anônima que colaborou com a expedição. A anatomia também indica, aos pesquisadores, como o ouvido teria surgido nos tetrapodas. “Esse achado é um sonho que virou realidade” diz Daeschler.
O faro científico da equipe também foi testado, pois eles estiveram lá em 2000, encontraram alguns fragmentos de ossos e resolveram voltar em 2004. A National Science Foundation, a National Geographic Society e a as instituições dos pesquisadores também ajudaram no financiamento da descoberta.
“Essa é a prova de que ainda existem muitas lacunas para serem preenchidas e muito ainda por entender”, afirmam Erik Ahlberg e Jennifer Clack, respectivamente pesquisadores da Universidade de Upsala e da Universidade de Cambridge, em comentário para a mesma edição da Nature. Segundo a dupla, o fóssil tem tudo para ser um ícone, assim como é o Archaeopteryx para os animais voadores.
Mais informações: http://www.nature.com/

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Blogosfera científica

Por Agência FAPESP - A pedido da revista Nature, a empresa Technorati, que desenvolveu um mecanismo de busca voltado para a caça de blogs na internet, vasculhou quase 50 milhões de sites do gênero para descobrir quais tinham maior tráfego entre aqueles cujo assunto é ciência. Com a lista (abaixo) em mãos, a revista foi atrás dos autores dos blogs, para saber o que eles achavam desse sucesso. Apesar de os blogs científicos ainda serem pouco comuns, pelos menos cinco casos podem receber o rótulo de populares. “Na maioria das vezes, faço apenas um texto sumarizado dos conceitos apresentados em sala de aula. Claro que se escrevesse como se fosse para um periódico científico não teria o mesmo sucesso”, disse Phil Myers, professor da Universidade de Minnesota, criador do Pharyngula, de biologia evolutiva. O blog escrito pelo biólogo, que acredita ser essa ferramenta uma espécie de conversa de bar, como as que ocorrem no intervalo dos eventos científicos, é o de número 179 entre os quase 50

Agronegócio da soja deve se expandir ainda mais

Agência de Informação Frei Tito para a América Latina: O plantio da soja deve aumentar mais 27% até 2010, liderando o avanço do agronegócio em todo o mundo. A estimativa foi divulgada durante o Fórum Social de Resistência ao Agronegócio, realizado no último final de semana, em Buenos Aires, Argentina. Segundo a Minga Informativa dos Movimentos Sociais, pesquisadores ligados a organizações camponesas e ambientalistas discutiram o modelo do agronegócio. Este, dominado por multinacionais do setor agrícola e de alimentos, agride cada vez mais o meio ambiente e empobrece as populações da América Latina a favor do lucro das empresas. Os pesquisadores apontaram que o agronegócio tem um perfil próprio. Baseado em monoculturas para exportação, o sistema ocupa grandes áreas de terras, utilizando tecnologias avançadas de máquinas, adubos químicos, agrotóxicos e sementes transgênicas - mecanismos que ficam sob o controle de poucas empresas multinacionais. A soja desponta como a principal cadeia p

Programa Zoneamento Ecológico-Econômico Brasileiro

O Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE – é um instrumento de gestão territorial e ambiental. Inicialmente planejado para a Amazônia Legal, devido à visibilidade da floresta nos organismos internacionais, à pressão de entidades ligadas ao meio ambiente e às formas inadequadas de uso dos recursos naturais, o ZEE tornou-se, posteriormente, um Programa do Plano Plurianual – PPA – para todo o país. Para acessar o material disponibilizado pelo Ministério do Meio Ambiente acesse aqui.