Só para lembrar, os mesmos pesquisadores que que formaram esta aliança salvadora dos anfíbios, são aqueles que pilharam estes animais no Panamá e levaram para os EUA sobre alegação de uma ação de resgate, pois os sapos do Panamá estavam infectados por fungos misteriosos e assassinos. Lógico a única alternativa...levar para terra do Tio Sam.
Retirei do Blog http://cienciaeideias.blogspot.com a opinião louvável do pesquisador Bruno Pimenta do Rio de Janeiro. Vale a pena ler e refletir:
Bruno Pimenta (Museu Nacional, UFRJ)
Infelizmente há sim um grande lobby em relação à conservação ex-situ, capitaneado por americanos. Mas isso não se deve a motivos ambientalistas. O fato é que projetos desse tipo chamam muito a atenção da mídia, sendo altamente atrativos para doadores (empresas, fundações, etc.). É muito bonita uma propaganda mostrando biólogos e veterinários em seus aventais brancos criando sapinhos coloridos e libertando-os na natureza, traz um retorno de marketing espantoso a qualquer marca que se associe a isso. Mas ninguém quer investir em estudos de viabilidade, ou seja, aqueles em que especialistas devem avaliar a capacidade do ambiente de receber novos indivíduos, a capacidade de sobrevivência desses mesmos indivíduos e os efeitos da reintrodução para os animais que já residiam nesse espaço. Isso não dá retorno. A função "marketeira" desses projetos é tamanha que ele foi colocado como a grande estrela do Amphibian Conservation Action Plan, um workshop com 60 cientistas de todo o mundo ocorrido em setembro do ano passado em Washington, do qual participei. Antes das discussões científicas, os organizadores já haviam soltado press-releases dizendo que a conservação ex-situ era a ÚNICA chance de sobrevivência para CENTENAS de espécies. Isso atraiu a BBC e outras grandes agências de notícias, que mandaram repórteres para cobrir o evento. Durante o evento, porém, as divergências foram várias e a maioria dos pesquisadores foi contra a adoção dessa estratégia, notadamente os sul-americanos. Mas os organizadores não retiraram a proposta da criação ex-situ do documento final, mesmo após tantos protestos. Esses grandes planos de conservação costumam usar uma estratégia principal, mais cara, altamente capaz de atrair investimentos, para conseguir financiamento também para projetos mais baratos. A conservação ex-situ cumpre bem esse papel. O problema é que projetos desse tipo são tão caros que o dinheiro empregado neles poderia ser usado na conservação do próprio ambiente, financiando vários outros estudos. Além disso, esbarra em sérios problemas legais, pois a idéia seria levar indivíduos para os Estados Unidos quando as tentativas de criação em cativeiro fossem infrutíferas em nível local. Umaporta escancarada para a biopirataria (aquela de verdade, não essa coisa que o IBAMA tem acusado pesquisadores sérios de fazer).
Infelizmente há sim um grande lobby em relação à conservação ex-situ, capitaneado por americanos. Mas isso não se deve a motivos ambientalistas. O fato é que projetos desse tipo chamam muito a atenção da mídia, sendo altamente atrativos para doadores (empresas, fundações, etc.). É muito bonita uma propaganda mostrando biólogos e veterinários em seus aventais brancos criando sapinhos coloridos e libertando-os na natureza, traz um retorno de marketing espantoso a qualquer marca que se associe a isso. Mas ninguém quer investir em estudos de viabilidade, ou seja, aqueles em que especialistas devem avaliar a capacidade do ambiente de receber novos indivíduos, a capacidade de sobrevivência desses mesmos indivíduos e os efeitos da reintrodução para os animais que já residiam nesse espaço. Isso não dá retorno. A função "marketeira" desses projetos é tamanha que ele foi colocado como a grande estrela do Amphibian Conservation Action Plan, um workshop com 60 cientistas de todo o mundo ocorrido em setembro do ano passado em Washington, do qual participei. Antes das discussões científicas, os organizadores já haviam soltado press-releases dizendo que a conservação ex-situ era a ÚNICA chance de sobrevivência para CENTENAS de espécies. Isso atraiu a BBC e outras grandes agências de notícias, que mandaram repórteres para cobrir o evento. Durante o evento, porém, as divergências foram várias e a maioria dos pesquisadores foi contra a adoção dessa estratégia, notadamente os sul-americanos. Mas os organizadores não retiraram a proposta da criação ex-situ do documento final, mesmo após tantos protestos. Esses grandes planos de conservação costumam usar uma estratégia principal, mais cara, altamente capaz de atrair investimentos, para conseguir financiamento também para projetos mais baratos. A conservação ex-situ cumpre bem esse papel. O problema é que projetos desse tipo são tão caros que o dinheiro empregado neles poderia ser usado na conservação do próprio ambiente, financiando vários outros estudos. Além disso, esbarra em sérios problemas legais, pois a idéia seria levar indivíduos para os Estados Unidos quando as tentativas de criação em cativeiro fossem infrutíferas em nível local. Umaporta escancarada para a biopirataria (aquela de verdade, não essa coisa que o IBAMA tem acusado pesquisadores sérios de fazer).
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